As Valquírias eram mulheres de controvertido significado, assim como as mulheres de agora. Poderosas para uns, de nem tanta valia para outros, pois à época podiam ser mensageiras de bons augúrios como da morte.
Vestiam armaduras, cavalgavam lindos corcéis. Hoje vestem uma armadura de coragem para vencerem os obstáculos existentes na sociedade que as contemplam com menores salários e mais tarefas pela eficiência que apresentam nos mais diversos campos profissionais.
Era tradicionalmente cantada pelos poetas assim como as mulheres de hoje, cuja beleza é fundamental, como já cantou o poeta; são porta-vozes de boas novas- quando agradam ao seu homem, marido, companheiro ou senhor- ou malditas quando os condenam ao degredo emocional, quando não mais os amam, fazendo-se por isso, segundo o entendimento masculino, merecedoras da morte, da tortura, do cárcere privado. Pobre deus de pés de barro que não suporta uma negativa feminina e que não percebem que “quem ama não mata”. Quem ama cuida.
Sempre estavam inseridas nas descrições de batalhas, Também o estão agora, pois se fazem presentes no lar, nas escolas, onde preponderam, nas mais variadas atividades, inclusive no judiciário sendo responsáveis pela sentença de quem tem razão ou não, quem é condenado à morte (de uma vida encarcerada) ou não.
Eram protetoras, traziam encantamento, sorte e eram ligadas a certas famílias.
Descrição esta que se enquadra aos espíritos femininos ao longo da história da humanidade, inclusive na atualidade,
Existe alguém mais protetor que uma mãe amorosa e fervorosa dedicada a proteger sua cria encaminhando-a para o bem para o sucesso e para o caminho da felicidade?
Eram companheiras, mulheres dos heróis. E o homem honesto, parceiro honrado, protetor, amigo que procura dar amor, segurança, e bons exemplos para a sua família não é também um herói, em uma sociedade consumista, com valores pervertidos, onde impera em muitos locais a violência, a corrupção e a droga que destrói famílias inteiras não é também um herói?
Não vive a Valquíria hodierna em uma guerra constante? Mora em ambientes de permanente guerra nas comunidades de periferia nas quais quem sai de casa para ganhar o pão ou para estudar são abatidos por bala perdida, ficando o culpado à solta e a justiça desacreditada?
E, o encantamento que eram capazes de produzir? De libertar, de prender, de curar. Não são os mesmos encantamentos que as mulheres promovem encantando os homens e aprisionando-os através do amor e sedução vivendo juntos ano após ano, de darem à luz, promoverem a vida, sendo verdadeiras divindades ou fadas para seus filhos pequenos, para quem só importa a mãe, que prove o seu sustento através de seu próprio corpo? Não é mágica quando alivia dores a um simples afago?
E quando entoam cânticos de louvor a Deus, de amor à vida ou cantigas de roda para trazer alegria para as crianças?
Valquíria não tem idade. Elas podem ser os espíritos que habitaram corpos nórdicos, como podem ser espíritos que habitam corpos nos países infestados pelo ódio onde não querem deixar que os espíritos femininos evoluam não as deixando frequentar escolas, como podem ser espíritos que habitam corpos nas comunidades indígenas pelo mundo, ou que habitam corpos de mulheres envelhecidas pelas agruras da vida na campanha ou nas palafitas, ainda de mulheres jovens que buscam sucesso e são massacradas pela mídia produzindo um estereótipo de mulher perfeita que elimina todas as outras provocando uma eterna insatisfação das quais só não sucumbem por terem forças dentro de si para superar essa masmorra invisível e emocional.
Valquirias existem hoje e estão em constante vigília para promover equidade e justiça. Basta querer enxergá-las, compreendê-las.
Isabel C S Vargas
Pelotas-RS-Brasil
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