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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

OFICINA CRIATIVA VARAL DO BRASIL

lundi 15 septembre 2014

VARAL DO BRASIL Oficina criativa: PAI


Organização de Marilu F. Queiroz


Positivo
O exame dela deu positivo, e agora? Significa que vou ser pai, mas será que estou preparado?Tenho medo de falhar, de fazer tudo errado, de decepcionar quem eu amo, de não ser amado por meu filho, de não ser digno de um presente tão divino...
Estou sem palavras, minha cabeça está a mil, quero correr e abraçar minha esposa e dizer o quanto estou feliz, mas se eu der um único passo, sem dúvida cairei; como pode uma coisinha ainda tão pequena ser tão importante a ponto de mudar nossas vidas num segundo?Fico parado, ela se aproxima tocando meu rosto e enxugando as lágrimas que eu nem vi que estavam caindo, me abraça apertado e neste momento meus temores desaparecem, sei que não estou sozinho... Ângela me embala em seus braços já maternais e sussurra em meu ouvido: Parabéns papai!

HOJE amanheci pensando em Você. MINHA admiração pelo seu trabalho. Minha HOMENAGEM vai exatamente pelo seu dia. É o Dia consagrado aos Pais! Mas, PARA VOCÊ MULHER, que criou seus filhos sozinha, VOCÊ que faz ainda todo o tempo os dois Papéis. Você QUE É MÃE E PAI ao mesmo tempo, meus Parabéns PÃE, hoje é seu DIA e com louvor!

Ah! Que lembrança maravilhosa trago de Papai. Ele vinha de cada 15 dias visitar-me, pois perdi Mamãe aos 37 dias de vida e fui criada por Vovó. Então, quando ele chegou corri para mostrar-lhe minha fita azul que havia recebido como Filha de Maria e ele chorou pela minha emoção, apesar de não ser católico. O respeito pelas demais religiões eu aprendi com ele. Dizia-me sempre: “Qualquer coisa que fizer Filha faça com o coração”.

Meu pai se foi bem num dia de domingo de carnaval... Foi este ano, mas foi tranquilo como dizia que seria, aos 93 anos bem vividos: e dormindo! Acho que escolheu assim para não assustar e porque estaria em sonho, já com minha mãe que havia partido e ele dizia que queria encontrá-la... E encontrou, né pai? Carlo Montanari.

Meu pai
Meu pai sempre foi alguém muito especial. Como todo o pai responsável era bastante rígido; com todas as filhas meninas, pois o filho homem só viria depois. Sempre muito zeloso pela família. Completou seus estudos depois que chegamos à Porto Alegre, e graduou-se. Foi Auditor da Fazenda do Estado, concursado, e depois de 40 anos de trabalho aposentou-se. Em meados de 1960, 70 em um tempo em que as mulheres eram poucas que trabalhavam fora de casa, ele nos incentivava a estudar e trabalhar. Para garantir a nossa autonomia, e não depender de outras pessoas para isso. Era um homem com uma visão além do seu tempo... Pai... querido e amigo inesquecível, quisera ser eu 1% da pessoa maravilhosa que ele foi, mas deixou o seu exemplo. E hoje aonde ele estiver a sua luz ainda é refletida em nós. Pai amado... viverá eternamente em nossos corações: pois esse amor nem o tempo tem o poder de apagar...

Filho de peixe
Todas as vezes que penso em meu pai, vem me a memória o excesso zelo que tinha ao engraxar as suas botas de couro para ir trabalhar. Meu pai era um militar dedicado e extremamente vaidoso. Por isso alguns familiares não se acanham ao me dizer que "Filho de peixe, peixe é”.

Aconchego

Em teus braços se sentia aconchegada. Era o apoio que precisava para se sentir capaz de tudo que desejava. Era assim a relação entre Anita e Flávio. Pura cumplicidade. Entendiam-se pelo olhar.
Anita era a primeira de quatro irmãos, sempre foi muito agarrada ao pai que, por ela, também nutria um imenso carinho. Cresceu ouvindo suas histórias, adormecendo em seus braços, aconchegando-se a ele quando triste ou com medo. Jamais esqueceria aquele sorriso e olhar que a encorajavam a seguir em frente, que lhe diziam o quanto era capaz de alcançar seus sonhos.
Um dia, porém, Anita se viu sem aqueles braços, sem aquele olhar, sem aquele sorriso que era seu impulso para acreditar... Ele agora estava no céu, seu olhar era as estrelas, seu sorriso a lua crescente e seu abraço a brisa que beijava sua face e num sussurro dizia: te amo filha, confia, segue em frente!


Nomeação

O meu pai me tratava como uma pérola.Raríssima joia retirada dos mistérios do oceano.Meu primeiro nome foi escolhido por ele,prestando homenagem a uma namorada inglesa,fato que minha mãe detestava...Como princesa de um certo território fui criada.Uma alma fundiu-se ao corpo e anda na terra atendendo pelo nome que ele escolheu.Quando me encaro no espelho ou olho nos olhos do meu irmão,encontro com meu pai refletido no mar revolto da onde foi pescada essa minúscula pérola.

Suas mãos tocavam qualquer música ao violão. Sua pouca escolaridade não impediu que reconhecesse os sons dos instrumentos em uma ópera. Em cada melodia ele ia comentando que instrumento entrava em ação. E como era bela a composição toda. Quando eu, aos 9 anos de idade, disse que queria patinar, ele tratou de comprar um par de patins de ferro (era o que podia pagar) e me viu dar os primeiros passos.
Dois anos mais tarde, montávamos uma escola de patinação artística em Minas Gerais e depois em Brasília. Embalei-me aos sons dos clássicos da música internacional. Foi ele que me deu um livro que mudou a minha vida, aos 12 anos - O poder do pensamento positivo de Norman Vincent Peale. Foi ele que me incentivou a ler. Ele passou no vestibular com 69 anos. E só faria o curso em outra dimensão. E quanto ele partiu, os livros de sua biblioteca foram doados para amantes das letras. Eram mais de 600 volumes... Minha homenagem à sensibilidade e à ousadia de um homem que viveu o melhor que tinha. Saudações, meu pai!

Caminho de dor
Ele era um pai feliz de três meninas. Dedicado, participativo e companheiro.Quando chegou o menino, sua felicidade se era completa extrapolou.  Foi a realização de um grande sonho. Passou a ter companhia para pescaria, jogos, conversas e trocas de interesses à medida que o filho, sucessor de seu nome crescia. Eram muito amigos. Gostavam de estar juntos. Era um grande orgulho para o pai. Um acidente inexplicável tirou a vida do filho. O pai rendeu-se à dor. Foi para junto dele.




Segundo Olhar

Tinha problemas com o pai por achá-lo muito severo, facilmente irritável. Não era carinhoso, e não gostava quando em final de semana o pai bebia. Implicava com todos. Acreditava que o pai não gostava tanto dela como dos irmãos, o do meio porque era homem e a menor porque era, realmente, muito linda. Essa concepção caiu por terra quando soube que ele tinha o maior orgulho dela, por todo seu modo de ser e agir. Passou a olhá-lo com mais complacência, pois percebeu que nem sempre o que alguém sente corresponde à verdade do outro.

Segundo Pai

Ela o adorava. Era seu padrinho de batismo. Uma pessoa carinhosa e a amava como uma filha. Não tinha filha mulher. Tinha dois meninos de mais idade. A vida inteira ele se dedicou a ela como filha legítima. As férias escolares ela passava na casa deles. Passeava, viajava, andava sempre junto com o casal. Nos seus quinze anos recebeu dele um relógio que era uma joia, em sua formatura, ele a acompanhou. Sempre muito ligados como pai e filha. Em uma época adoeceu e ficou muito tempo acamado. Quando estava à morte, seus filhos vieram de outra cidade a chamado médico. Passou vários dias hospitalizado e só deu seu último suspiro depois que a afilhada chegou e foi vê-lo. Até hoje, só ela visita seu túmulo.

Ensinamentos

Meu pai era uma pessoa muito inteligente, embora tenha desperdiçado esta inteligência não concluindo o curso ginasial que ele frequentou em um dos melhores colégios da cidade. Nunca lhe faltou emprego. Era bom funcionário, pois ficava anos em cada estabelecimento. Tinha uma facilidade espantosa com a matemática, com contabilidade com o que ele trabalhou por vários anos. Era daquelas pessoas que não tinha sábado, domingo ou feriado. Quando achava que era necessário levava os documentos para casa e trabalhava nos finais de semana. Época de imposto de renda, além de organizar o da empresa fazia de conhecidos. Isso foi um legado dele para mim. Ensinou-me a fazer quando estava começando a faculdade que era área diferente. Até hoje faço para a família, amigos das filhas pelo que recebo deliciosos chocolates e perfumes muito cheirosos.


Fábrica de sonhos
Paulino era uma pessoa pobre, operário com sete filhos. Era um homem bonito o que despertava muito ciúme na esposa. Viviam com dificuldade financeira, mas isso não o impedia de ser um excelente pai, dedicado, fiel aos seus princípios de respeito, honestidade, boa educação. Era muito respeitado pelos filhos, três homens e quatro mulheres. Foi exemplo para os filhos que também foram pessoas dignas e amorosas, provando que conduta ilibada, amor, respeito, fidelidade, dignidade não estão condicionadas ao verbo ter, mas à educação recebida no lar. Era muito conhecido na vizinhança e admirado. Sua profissão? Fazer brinquedos de folha de lata. Era funileiro. Criava sonhos para vender e para os filhos, que não se cansavam de falar das habilidades do Pai. Histórias estas contadas ao longo dos anos e que chegou a mim por minha mãe.

O cantinho

Meu pai ficava lá naquele canto da cozinha quase sempre que estava em casa. Escutava rádio, lia jornais, escrevia, pintava. E volta e meia nos deixava entrar em seu mundo. Era quando descobríamos a imensidão que ele tinha em si e que transbordava em todas as suas ações. Dali saiam notas para jornais que ele mesmo criava... saiam quadros de um colorido único... saiam discursos que só um coração poderia fazer. Hoje tenho meu cantinho e não tenho mais meu pai. E aprendi que vazios se preenchem com saudade e lembranças. Palavras também.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Vi um pequeno retrato de uma menina usando uma roupa parecida com uma farda que meu pai usava. Lembrei-me de como eu ficava metida, pois ficava parecida com meu pai. Ele para mim era um herói e o foi de verdade. Foi Marinheiro, da Marinha de Guerra do Brasil e participou da II Guerra mundial, ganhou várias medalhas por bravura e mais tarde com muita determinação superou a neurose de guerra e o alcoolismo.
Papai tinha o cheiro do mar depois para minha tristeza passou a ter o cheiro de álcool. Um dia com ajuda da fé, e a conversão em uma Igreja foi liberto e passou mais de 40 anos cheirando novamente como o mar e ao partir levou com ele a ternura no olhar. Meu pai foi o meu melhor amigo. Tenho saudades de sua voz grave, dos seus conselhos, dos seus cabelos sedosos e brancos


 Pai

Se eu tivesse que escrever alguma coisa sobre você, por certo, escreveria a imensa saudade que ficou. Escreveria sobre o seu lindo tempo aqui nesse plano,sobre os exemplos e valores que você nos passou.
Ah, pai!... Escreveria sobre o vazio deixado em sua casa, sobre a sua cadeira, que agora, balança vazia... escreveria o muito que sua ausência dói em meu peito; porque falar de saudade pai, dói tanto, que chega a ser covardia...

Eu, pai
 
Nesse Dia dos Pais quero inverter a ordem das coisas e homenagear minha filharada. Quero agradecer-lhes, minhas filhas, nesse dia e em todos os outros, pelo privilégio e pela honra que Deus me deu de ser o pai de vocês. E agradecer a sua mãe, também, por ter me dado vocês, nosso maior tesouro. Quero dizer-lhes que eu só tive a exata noção do que é ser um ser humano completo e feliz depois que vocês chegaram. Que os filhos dão um objetivo maior à vida da gente, que depois que eles chegam, a gente tem uma razão maior para viver. Que muito do que aprendi, até aqui, foram vocês que me ensinaram. Não trocaria o orgulho de ser pai de vocês por absolutamente nada neste mundo.

Canção de amor
 
Vem, pai, senta-te à soleira do meu coração e me conta uma história de vida. Encosta a tua cabeça num pedacinho da minha alma e me canta uma canção de ninar. Depois, diga-me, por favor, um poema de amor, um daqueles que quase ninguém disse e só você pode me dizer...

Cinema de jardim
Era tudo muito simples. O bairro de ruas de terra, as casas pequenas e parecidas, os jardins de flores comuns e terra batida. Mas uma dessas casas guardava uma geringonça com duas rodas empoleiradas em uma espécie de cavalete, que na parte de trás tinha uma manivela. Era o tesouro de um jovem senhor, de bigodinho ralo e roupas de linho branco, pai de três meninas, de olhos de mel e fita nos cabelos. Em tardes amenas, surrupiava um lençol da jovem senhora de vestido e lábios vermelhos, esticava no varal e amarrava as pontas em moitas de Maria sem vergonha. Era o sinal para que a garotada da ruazinha, feito passaredo, invadisse o jardim.
O sonhador pai montava toda a parafernália e com gestos largos rodava a manivela, transportando todos para o mundo mágico do cinema.

Pai de coração
Bia era só um toquinho de gente, uma ratinha branca, quando ele entrou em sua vida pelos braços e coração da mãe. E ele a ensinou todos os valores e as coisas práticas da vida. E deu amor e irmãos. Implica com os namorados, ciumento enrustido, que faz cara de poucos amigos, enquanto se derrete de orgulho. Hoje, no seu aniversário, Bia escreve nas redes sociais depoimento emocionado e diz que ele não lhe deu o sangue, mas se precisar a ele dará o dela.

Meu pai tinha um título: “Rouxinol da Umbanda”. Recebeu participando de diversos festivais de cantigas Afro-Brasileiras. Ganhou muitos, com suas cantigas inspiradas pelos Orixás, defendidas com voz doce e postura respeitosa. Durante anos, manter brilhante a sua coleção de troféus, ficou sob minha responsabilidade. Dava trabalho, mas era com orgulho que eu limpava. E ele ficava junto, comentando o que cada um representava, lembrando-se do festival, contando casos de alguns participantes, cantando cantigas que aprendeu lá. Acalentava o sonho de ouvir uma de suas composições na voz de Clara Nunes, cantora que levantava bem alto a bandeira da religião que professamos e encantava a todos com sua voz marcante. Isso não aconteceu nessa dimensão, mas quem sabe, tenham se encontrado no plano espiritual e ele a tenha apresentado sua arte? Quando se foi, mamãe distribuiu alguns de seus troféus, guardo o que me coube com muito carinho, em um escaninho feito especialmente para ele em nossa estante.

Pai. Que saudade!

Sinto falta de seus abraços que sempre chegavam a mim nas horas mais acertadas.
Sinto falta de você me recriminando quando sentia dificuldades em realizar alguma tarefa diária. Dizia: - você consegue, tem inteligência dois braços e duas mãos e é dona de todos os sentidos, então qual a dificuldade? Vai tentando que consegue.
Ele era um homem dos sete instrumentos, não me recordo dele parar diante de uma dificuldade. Era pedreiro, encanador, serralheiro, carpinteiro, marceneiro, mecânico, e tudo mais que possa imaginar.
Pai você é meu herói mesmo depois de ter partido, ainda me direciona nesta vida.
Sinto falta de suas bagunças no barco quando saiamos à pesca e espantava os peixes. Sinto falta de nossas conversas durante o preparo das tralhas de pesca, enquanto mamãe e meu marido descansavam. Pai eu continuo te amando, mas sei que um dia nos encontraremos, disto tenho certeza.

Declaração de amor

Pai se você ainda estivesse comigo hoje não te daria presentes nem flores  pois, isso tudo é passageiro ou morre. Apenas abriria meus braços para um abraço,forte e apertado, mas repleto de amor.
Através dele daria a você o melhor presente do mundo. O meu amor que sempre foi e será infinito enquanto vida eu tiver. Queria sentir o seu cheiro mais uma vez.Pai você foi meu leme de direção. Foi meu herói. Moldou o meu caráter.Obrigado por ter me transformado Na pessoa que hoje sou. Te amo.

Meu pai

Visto o meu melhor sorriso e vou caminhar pelos caminhos coloridos dos meus sonhos. Por que sentir saudades? Por que deixar que o sorriso seja amarelo, se ele pode ser colorido? Deixar-se envolver pela tristeza e esquecer-se dos sonhos? Vou me vestir com o meu melhor sorriso e sonhar... Gostaria de te ver nos meus sonhos, mas onde te encontrar? Perco-me, nos caminhos dos meus sonhos, meu pai. São caminhos coloridos, floridos, mas eu não te vejo... Vou me preparar... Vestir meu melhor vestido, usar meu melhor perfume, colorir meu rosto de ternura, para disfarçar a minha tristeza e buscar no mais profundo do meu silêncio, o melhor sorriso, o mais colorido!...Nos caminhos floridos dos meus sonhos, sob o olhar colorido da lua resplandecente, sei que vais me encontrar, meu pai...

Pai
Não tenho mais meu pai junto a mim. Mas, como eu gostaria de ser parecida com ele, livre e decidida. Papai, quando,no sonho, tu apareceres, nas areias da praia, ao se despedir, deixe cair alguns grãos de areia, dessa tua alma enriquecida, para que eu possa seguir teus passos mesmo sem conhecer o caminho, para que eu possa ter a minha essência melhor por mais um dia, derramar a minha melhor lágrima e vestir o meu melhor sorriso, o mais colorido possível. E então seguir, como criança, até que eu te encontre outra vez e que, neste sonho, sejamos, apenas, tu e eu, nos caminhos coloridos dos meus sonhos!


O abacateiro

Meu pai sempre colhia abacates do quintal de casa. Eu, na época com meus cinco anos, gostava de aparar os abacates que caiam. Com a saia do vestido fazia uma espécie de cesta para que eles não caíssem no chão e rachassem.
A cada um que caía, meu pai falava: Sai daí, filha que é perigoso! Que nada! Teimava em correr para lá e para cá tentando pegar as frutas. E assim foi até que um deles me acertou em cheio a cabeça. Quando voltei a mim, só vi o meu pai assustado tentando me reanimar.
 Se aprendi a lição? Claro que não, pois continuei a aparar os abacates que meu pai derrubava, só que a cada abacate que caía era um grito dele: Sai daí menina!!!! Você quer levar outra abacatada?

Bolo de aniversário

Em casa, tínhamos a mania de cortar o bolo de aniversário no café da manhã. Papai fazia os nossos bolos, enfeitava e escrevia os nomes com um doce todo colorido. Ao longe podíamos ouvi-lo assobiando ao preparar a massa, que sempre ficava bem fofinha. 
Na véspera do meu aniversário cheguei da escola já bem tarde e o vi fazendo o bolo, apressado, sem a euforia de sempre. Para não ser indiscreta dei-lhes boa noite e fui para o quarto. No café da manhã encontrei um lindo bolo, todo enfeitado e com o meu nome. Ao lado uma tigela com bolo em pedacinhos. Aí descobri o motivo de seu afobamento: o primeiro bolo que ele fez cresceu tanto, que se esfarelou todinho.

Os colegas de papai
Quando pequena, por volta dos meus seis anos, às vezes meu pai me levava ao trabalho dele para passear. Seus colegas adoravam me provocar, pois toda vez eu o defendia com unhas e dentes. O que mais me irritava era quando eles ficavam falando do meu pai, só para ver o que eu ia dizer: - Você é muito bonita, não sei como pode ter um pai tão feio assim.
Essas palavras me atingiam como se fossem pedradas, no que eu sempre respondia indignada, batendo o pé no chão, quase chorando. - Não é não, ele é muito bonito. Feio é o senhor!!! Mediante essa resposta, todos eles caiam na risada, inclusive o meu pai.


Esse meu pai

Meu pai era um homem muito criativo, que vivia sempre alegre assobiando pela casa e principalmente na sala que lhe servia de oficina, um verdadeiro artista. Lá ele se ocupava nos momentos de folga, depois que chegava do trabalho, com entalhes em madeira, brinquedos para o meu irmão e para mim, suas pinturas à óleo e acrílico e poemas lindos que ele escrevia sobre os mais diversos assuntos, em especial os de amor para a minha mãe. Um pai carinhoso e dedicado, que tinha tempo para nos contar histórias e criar pegadinhas. Enfim, o melhor pai que alguém poderia ter e de quem só guardo boas recordações.

Meu querido pai

Meu pai era um homem incomum, sua alegria era contagiante, pois não parávamos de rir das suas piadas e causos. Foi um exemplo a seguir e para os meus filhos, o avô que inventava brinquedos, se agachava para recebê-los de braços abertos para um abraço triplo e levantá-los em seguida e caminhar com eles agarradinhos, até a porta da casa. Íamos visitá-los uma vez por mês e minha mãe me contava que uma semana antes de nossa chegada, ele assobiava e cantava o tempo todo. Os meninos adoravam brincar com ele e ficavam bolando pegadinhas e historinhas para quando o encontrassem. Tive o privilégio em tê-lo na nossa vida: um anjo em forma de pai. Guardo até hoje seus poemas, desenhos e a orquídea que ele me deu anos antes de ir embora e que todo ano floresce e mostra que a vida é linda, como foi a sua presença entre nós.

Céus cheio de brilhos! Cores e luzes! Esse olhar é para você Pai, por lembranças, saudades de um tempo em que sentávamos na varanda, preguiçosamente a vagar fitando um céu carregadinho de brilhos dizias: Belo e Onipotente Universo!... Quanto ainda há por descobrir neste Universo de meu Deus! Partiste em céu de 1970 [...]

Mais jabuticabas

Hoje, segunda feira que antecede uma grande comemoração, amanheceu bela, luminosa, céu azul impecável e vento gelado. Sua bacia com as selecionadas das selecionadas, não existe mais. A minha está quase inexistente. Mas olho para a origem de tanta seleção: nosso pé de jabuticabas, que este ano está sendo pleno. Por ora uma miscelânea: frutinhas maduras e verdes, flores ainda brotando e as abelhinhas fazendo uma festa. Chego até o pé de frutas e vou colhendo as maiores e maduras, mandando-as para você, meu Pai. Selecionei-as como você sempre gostou. Estão deliciosas!
E lhe digo: Pai, eis a sua bacia de jabuticabas. Pode seleciona-las à vontade. Eu as mando para o senhor, com todo o amor que lhe tenho, nesta saudade que veio hoje muito braba. Feliz pelo seu dia, Pai, que para mim é todo dia.

Reconhecimentos

Numa tarde de janeiro de 1966, Mário foi à casa de Laura. Seus irmãos foram juntos, para dar-lhe apoio; Era uma situação bem constrangedora. Foram recebidos por Laura.
 - Finalmente, Mário, você veio conhecer Pedro, o seu filho.
- Pedro não é meu filho.
- Mesmo que negue e sempre negou ser o pai, ele é seu filho, retrucou Laura.
Mário entrou sozinho no quarto, onde estava o bebê. Meia hora depois saiu de lá, lacrimejante e trêmulo. O bebê era cópia xérox dele: cabelos ruivos, nariz bem feito, rosto afunilado. 
Todos os anos, no dia dos pais, Pedro visita a sepultura de Mário, que partira, faz tempo. Todo ano leva flores para o melhor pai do mundo.

Tio Quim

Quando menina fui ao segundo casamento do Tio Quim viúvo pai de seis filhos, com uma jovem roceira. Uma festança. Tempos depois, meus pais e eu fomos levar mantimentos para a família. Certa vez, encontramos o casal mais resplandecente, a esbanjar sorrisos, como no dia do casamento. Perguntei qual novidade.
Respondeu-me ele: - alegria, filha, alegria. Vem aí nosso 14º filho. Fiquei sem fala. Ele continuou: Deus dá, Deus cria. Só respondi: uai... A família prosperou. Herança do tio Quim para todos nós: Uma bela família guiada pela: gentileza, gratidão, união, bom humor e paciência na pescaria. Ele adorava pescar. E, tinha razão: Deus dá, Deus cria. Até hoje, no Natal e no dia dos Pais, a sepultura do tio Quim fica cheia de flores.

Sonhos de uma mulher

Mirna, órfã de mãe, cresceu uma bela jovem. Casou-se aos 16 anos. Descasou-se porque o marido peidava na hora agá. Casou-se outra vez e descasou-se. Mais uma vez casou-se e descasou.
Casar e descasar virou rotina em sua vida. Aos trinta anos, a morte a levou. Nos dias de finados, somente seu pai chora pela filha que se foi.

Remorso

Ao entrar no CTI, vi meu pai respirando. Inconsciente lá estava ele, morrendo. Fiquei gelada. Quis falar algo, a voz não saiu. A mente estava fria. Quis beija-lo. O corpo continuou frio e ereto. De repente virei as costas e sai em disparada. Foi a última vez em que vi meu vivo, melhor dizendo, somente respirando. Até hoje meus lábios tremem de remorso pelo beijo não dado.

O último dia dos pais.
Encontramos Papai no seu escritório. Minha filha entregou-lhe o grande embrulho amarelo ornado de fita azul. Ele o recebeu. Acarinhou. Fez o desembrulho lentamente. Acarinhou mais. Nos abraçou murmurando um obrigado. Colocou o presente numa estante bem em frente de sua mesa de trabalho, local que mais permanecia e gostava de estar, mesmo doente. Tomei-lhe as mãos e disse: - vamos. A mesa já está posta e toda a família o espera. Dois meses depois, nos despedimos em sua partida final. Lá na estante, no seu lugar preferido, ficou o porta retratos, com foto da filha e da neta a lhe sorrir todo dia.

O exorcismo

Olá, Papai. Preciso escrever sobre o senhor. A imagem que vem é das jabuticabas. Que injustiça! Não posso esquecer das pamonhadas: toda a família vibrava na confecção de pamonhas recheadas com queijo minas. Sulista, trouxe- nos o prazer desta iguaria para a Capital. Comprou uma chácara, plantou milho, só para podermos saborear pamonhas feitas pela titia, sua irmã, que ensinou para mamãe. 
E o senhor, vibrava de emoção tendo toda a família ao seu redor. Confeccionar e comer pamonhas tornou-se um ritual familiar sagrado, curtido por longo tempo, ano após ano. Mas, preciso escrever sobre o senhor: um grande homem, trabalhador,                                                                            um grande pai, que amava a família acima de tudo. Hoje, falar no senhor, com esta saudade braba só dá isto: um exorcismo de lembranças amadas. Mando-lhe um beijo.



Alguma prece

“Pai, coloca hoje o teu olhar em mim, quero que veja o menino que sou, que brinque das coisas gozadas ou virtuosas que faço ou das que cresceram esquisitas em mim. Difícil é a vida, meu pai. Sim, é difícil mudar, ter o dia pra cuidar e ser homem de barba e bigode com uma vontade enorme de ainda ganhar um ferrorama. Não posso, pai, ser o chefe legal ou o líder natural que não sou, não posso ser como você, mas isso não significa que eu não te respeite ou não te ame.
Eu admiro a tua coragem e luta, persistência, teu talento e o caminho que trilha, mas o meu viver é outro, pai. São outras as terras que devo plantar, são outras as sementes e outros os caroços que eu trago nos bolsos. É o meu arado que agora vai amaciar o solo, meu pai. É a minha dor que vai deixar novas marcas e é a minha flor que agora deverá florir. Mas, por favor, coloca os teus olhos em mim, para eu sentir que ainda me abençoa e confia e ama, e assim, por minha vez, eu poderei fazer o mesmo.

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