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domingo, 9 de março de 2014

MEUS TEXTOS EM MULHERES ENTRELAÇADAS

֎ISABEL C S VARGAS
icsvargas@gmail.com
DOCES GUERREIRAS
Desejo falar sobre as mulheres de agora,
Mas que carregam em si muito daquelas de outrora,
Identificadas nos anseios,
Nos sonhos, nas dores.
Nas vitórias e nas derrotas,
Nos amores e desamores,
Na doação irrestrita aos filhos,
Na batalha constante pela sobrevivência
Para provar dia após dia,
Seu valor e competência.
Mulher forte, mulher guerreira
Ao mesmo tempo delicada como flor.
Prioriza o amor, sem ele não sabe viver
Capaz de suportar maior dor,
Sempre com sorriso aberto



SOBRE A MULHER
A cada ano, em datas especiais parece que obrigatoriamente
temos que falar algo, nos manifestarmos, exaltando conquistas
ou enfatizando carências.
Não é impositivo que assim seja.
Ao ensejo do dia 08 de março, não vou escrever sobre a história,
sobre atos heroicos, ou exaltação das qualidades femininas. Já
fiz isto em outras ocasiões.
Desejo ressaltar é aquilo que o médico psiquiatra e pesquisador
Dr. Augusto Cury denunciou em sua obra sobre a ditadura
cruelmente imposta às mulheres- a ditadura da beleza- impondo
um padrão de beleza universal que hoje não atinge só as
mulheres ocidentais, mas também os orientais, desconsiderando
biótipo, cultura, saúde física ou mental.
A mídia –impressa, ou televisiva- só valoriza a mulher que
corresponde ao que é exigido pelos anunciantes, pelos
patrocinadores, estilistas ignorando a mulher comum, normal.
A propaganda carregada de mensagens (explícita e subliminar)
atinge um imenso contingente feminino, de qualquer idade,
posição social ou cultura levando-as, a despeito da inteligência
de que são dotadas, a sentirem-se desvalorizadas, inferiores, se
não se enquadram nos padrões veiculados.
O mercado da publicidade, da moda e da beleza está atingindo
crianças, adolescentes, mulheres maduras causando danos
psicológicos, emocionais, físicos, enfermidades sérias como a
bulimia, anorexia e não raro causando até o suicídio.
O autor fala em síndrome do Padrão Inaceitável de Beleza que é
construído em cima de um padrão doentio, que exige acima dos
parâmetros normais de saúde, induzindo à baixa autoestima,
distorção da autoimagem, ansiedade, depressão, sensação de
fracasso, inadequação, desvalorização do aspecto físico, por não
se assemelhar ao que é imposto.
É algo maquiavélico. Quando as mulheres olham um simples
comercial de bolsa, sapato, roupas, sabonete, xampu,
desodorante, roupa íntima, maquiagem, perfume, esmalte,
cerveja e produtos masculinos elas não registram em seu
inconsciente só os produtos, suas especificações e vantagens,
M U L H E R E S E N T R E L A Ç A D A S | 24
mas as modelos, as mulheres que os apresentam também. Isto
reforça esta imagem. Só tem sucesso, só tem valor o padrão de
beleza apresentado. Por não se enquadrar na exigência, as
mulheres desenvolvem ansiedade, o que as induz ao consumo. É
o velho e conhecido capitalismo imperando e destruindo a
autoestima de milhões de mulheres.
Todas passam a consumir mais para tapar o buraco emocional
causado pela imposição de um padrão inatingível, que ignora
herança genética, cultural ou os danos emocionais que possam
causar.
O autor fala em ditadura interior, que distorce a crítica e a
realidade e cujo objetivo é promover a insatisfação. Quem está
satisfeito, está tranquilo, não cai nas chamadas ardilosas, não
precisa consumir em excesso para ser feliz.
O mais grave é que estas sequelas causadas pela imposição
midiática não se esgotam no presente necessitando de décadas
para serem superadas.
As mulheres esquecem que o padrão de beleza exigido ou
retratado no decorrer da história não era rígido estando ligado
aos aspectos culturais e de saúde ditados pela sociedade da
época. Hoje eles são ditados pelo consumo. A lei é ter mais e não
ser mais.
Creio que na data de hoje, além de prestar um tributo de
respeito às precursoras das lutas pela igualdade e valorização da
mulher, cada uma deveria ter um olhar mais lúcido e crítico sobre
tudo aquilo que aparece diante dos olhos procurando vender
juventude eterna e felicidade associada ao aspecto físico. Que
não se acredite em todas as fantasias vendidas nas revistas
femininas, nas quais as relações de consumo aparecem
mascaradas e todo anunciante aparece como um grande benfeitor
capaz de acabar com as mazelas de cada um.
Que o Dia Internacional da Mulher seja um dia de
valorização interior, de elevação de autoestima, de cultivo de
bom-humor, alegria, de respeito a si mesmo e as limitações de
cada um sejam aceitas como princípio fundamental e que
ninguém em função delas se ache indigno de ter sonhos, de lutar
por objetivos, de ser feliz e realizado.

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