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terça-feira, 8 de outubro de 2013

TRABALHO CONJUNTO DO GRUPO VARAL DO BRASIL

ESPIRITUALIDADE

Autoras:
Nilda Lima, Mary Braga, Silvana Brugni, Flavia Assaife, Carmen Di Moraes, Inês Carmelita Lohn, Jacqueline Aisenman, Alexandra Magalhães Zeiner, Sandra Nascimento, Isabel Vargas, Dulenary Ana Rosa, Norália Castro, Júlia Rego, Rita Pea
Arranjo do texto:
Alexandra Magalhães Zeiner

*Algumas participações foram um pouco alteradas para melhor se encaixarem no arranjo feito por nossa amiga Alexandra!

Todas tinham chegado, Ela apenas precisava olhar ao redor e ver na face de cada uma a dor que estava sentindo. Muitas sabiam da sua partida inevitável, umas achavam por bem ignorar os sinais e outras, serenas e tranquilas, estavam reunidas ao seu redor.

As janelas abertas anunciavam uma leve brisa, conhecida naquela época do ano, final de um longo inverno, mas que lhe causou um leve calafrio…Imediatamente Clara, a escolhida, tratou de segurar sua mão, transmitindo a mensagem de que todas estavam presentes. Palavras eram desnecessárias entre elas…

Ela fez um esforço enorme para levantar-se e Clara, sabendo que este era o sinal, a apoiou nos travesseiros que emanavam o cheiro de alfazema. Foi como se uma tênue corrente de eletricidade passasse pelo ambiente.
Depois de uma pequena pausa, Ela falou pausada e vagarosamente:

“Em reverência agradeço, ao reconhecer que a espiritualidade é uma apologia à alma. Nesse momento, que a luz divina possa iluminar e aquecer nosso espírito.”

Todas sentaram ao seu redor, esperando que Ela continuasse, pois aquele era o sinal…

“Ser espiritual é viver com a terra e não somente sobre ela. É estar com os sentidos atentos aos sinais invisíveis – que são pura energia que transita no Universo. É saber que é na mente que reside a inteligência e a alma – centelha que Deus depositou em cada uma de suas criações! Lembrem-se de ouvir a Deusa e o Deus que existe em cada um de nós...”

Clara sentiu lágrimas quentes queimando sua face, ela tinha sido a primeira a ouvir o sinal…Respirou fundo continuou a ouvir:

“Saibam que não estamos sós, e que o nosso deus recebe uma luz superior... indiferente a crenças, seitas, dogmas ou religião... É que acontece coisas além da nossa compreensão, que jamais conseguiríamos sem a nossa espiritualidade... Tenham fé, e acreditem no despertar da consciência... na busca do verdadeiro Deus dentro do nosso coração...A espiritualidade desabrocha quando a mente e o coração descansam, deixando fluir a verdadeira conexão que existe entre o nosso ser e o universo.”

Uma chuva fininha comeҫou a cair…Ela sabia que seu tempo passava, mas naquele presente, eterno momento, que alimenta cada ser, estavam ali reunidas todas pupilas que acreditavam e se deixavam levar pelo rio da vida no planeta Mãe Terra...Todas ali presentes tinham aprendido e estavam ensinando durante esta passagem pela vida. Assim, respirando fundo continuou:

“Espiritualidade é a linha tênue que liga a alma a Deus. Um vínculo entre a criatura e o Criador. Habita a mente, a consciência, o coração... é a essência que liga o ser humano a energia cósmica, a Deus, ao outro ser e que revela a sua importância e a sua responsabilidade perante o todo, ou seja tudo que ele faz repercute em si mesmo, no outro, no universo. Um processo que envolve crença, fé, postura de vida. Somos todos seres espirituais, conectados entre si pelos elos da corrente que nos une no eterno ciclo da experiência humana. Cada ser e cada ação tem o poder de mudar o mundo, praticando o bem como seres terrenos, deixamos a espiritualidade ligar nossa alma ao cosmos.”

Enquanto Ela falava, algumas de suas pupilas choravam, outras sorriam, e outras mantinham os olhos fechados, em meditaҫão profunda…Somente Clara mantinha-se ao Seu lado, segurando a mão frágil, consciente de tudo ao seu redor…Mais uma vez ouviu a voz doce acrescentar:

“Espiritualidade é buscar conhecimento do sagrado, para reverenciar e se integrar sempre, no mundo o qual eu estou e eu sou… Ainda assim é um infindável mistério que nos faz acreditar que a vida não se esgota em um corpo físico. Partirei, mas saibam que encontro na Natureza, o refugio para a minha alma. Renovar-me-ei através do mar, do vento, das arvores, da Luz...”

E fechando os olhos cansados, Ela expirou. Clara ainda sentiu o último tremor das Suas mãos e ao olhar pela janela viu que a chuva tinha parado e um arco-íris anunciava Sua passagem para o outro lado.

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