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quarta-feira, 3 de julho de 2013

REVISTA NOVOS TEMPOS -PORTAL CEN

                                                                 DESAPEGO
                                                                                               
                                                                                                      
                                                                                               Isabel C S Vargas


              Dalila era a sétima filha do casal. A família era formada pelos pais, três filhos homens e quatro mulheres. Pelo fato de ser a caçula os demais a chamavam de Lilinha. Era uma forma carinhosa de tratamento.  Família pobre, porém muito unida, estabilizada emocionalmente. Todos procuravam se ajudar. Na infância, pelas dificuldades financeiras não frequentaram escola. Somente uma das mulheres frequentou algum tempo. Os demais foram alfabetizados em casa. Na época não havia obrigatoriedade de frequência escolar regular. Isto não se constituiu em frustação para os demais irmãos, só para Lilinha que tinha vergonha deste fato. As profissões de cada um foram sendo escolhidas pelas necessidades da época. Dois eram funileiros, à exemplo do pai. Uma cabeleireira e ela manicure. A terceira não trabalhava fora. O outro irmão, barbeiro.  Lilinha foi ser comerciária, balconista de loja. Todos os irmãos casaram cedo. Menos ela. Outro motivo de frustação. Por ser a única solteira, seguiu residindo com os pais e deles cuidando. O pai faleceu primeiro.
Ficou cuidando da mãe e trabalhando para sustentá-la, Isto a fazia levar uma vida muito pacata, caseira, vivendo, apenas, para o trabalho.
Aos quarenta anos conheceu um viúvo que se mostrou interessado por ela, Era bem mais velho e desejava uma companheira para aliviar a solidão de seus dias. Casaram-se sob as bênçãos do filho dele.
Viveram felizes durante dez anos, até que ele faleceu de um ataque cardíaco em uma noite de arroubos românticos mais intensos. Pior momento não poderia ter sido. Ela que passara anos de sua vida fechada em si mesma e que desabrochara com o casamento sentiu-se mais uma vez lesada e, uma amargura estabeleceu-se em seu coração.
A vida perdera o encanto para ela. Enquanto tinha sobrinhos-netos pequenos estes ainda lhe preencheram os dias de um pouco de alegria. Ao vê-los crescidos sentiu-se sem função nenhuma na vida. Não soube adaptar-se à modernidade. Viu-se sozinha, isolou-se e não queria participar da vida dos demais por achar a vida moderna muito errada, fútil, volúvel diferente de seus princípios.
Isolou-se, apesar da insistência de todos.
Não achou mais sentido na vida. Desligou-se dela, naturalmente, durante o sono.




                                                                           
INFÂNCIA


Tempo sublime
De alegrias
De toques
De cheiros
De sorrisos
De conhecimento mútuo
Aprendido no olhar
No despertar
No choro incontido
Nos movimentos inseguros
No apoio infinito
De mãos entrelaçadas
Abraços apertados
Amalgamando recordações
Que permanecerão por toda a vida.
Isabel C S Vargas


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