Solidão
Isabel C S Vargas
Há autores maravilhosos que falam sobre o
escrever como ato solitário. Da solidão brotam as idéias, os textos, a obra.Traduzem
a solidão como facilitadora ou indutora do
ato de escrever.
Não
estou aqui para concordar ou discordar. Minha idéia é duvidar. Até porque em
meu entendimento é da dúvida que resultam coisas boas.
Da
solidão só sai amargura, tristeza, mágoa (ou são as mágoas que geram solidão?)
azedume, isolamento, distanciamento, sofrimento, incapacidade de conviver (e
por não saber viver com, as pessoas morrem). Na solidão encontra-se muita dor e
não é dor pequena não, muito menos por vontade própria, porque a solidão é
danada. Vai pegando a pessoa aos poucos, enredando em uma teia, que depois não
dá para sair. Quando o indivíduo percebe, está por inteiro na solidão e aí,
para escapar só com ajuda, se tiver sorte, e se não tiver espantado todo mundo
à sua volta. Aliás, espantou a si mesmo e nem percebeu.
É
como aquele fenômeno da psicoadaptação, no qual a pessoa vai recebendo as
informações aos poucos, por mais difíceis de aceitar que sejam e quando se
apercebe já acostumou.
Então,
para mim, abaixo a solidão esse danado mal do século que pega pessoas e
transforma-as em formigas, sem vontade, sem prazer, sem sossego.
Para
mim, escrever brota da vida, do amor, da falta dele, mas do amor por si mesmo
que é capaz de fazer qualquer pessoa desafogar dores intensas no mais
desassossegado rabisco, muitas vezes sem forma, mas como puro ato de
sobrevivência, de agarrar-se à vida, fugir da insanidade. Escrever para mim
brota do entusiasmo, que é ter algo de sagrado em si mesmo. Então ao escrever
sacralizamos o sagrado, ou seja, a vida.
A
solidão não nos permitiria escrever qualquer texto. Pelo menos para mim,
simples mortal que através da escrita luta para não ficar à deriva.
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