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segunda-feira, 15 de abril de 2013

MINHA PUBLICAÇÃO NA REVISTA EISFLUÊNCIAS


Isabel C S Vargas
LEMBRANDO AS PALAVRAS DE CÍCERO
Considerações
por Isabel C. S. Vargas

Na atualidade, muito tem sido pesquisado e escrito sobre a terceira idade, pelo aumento da idade média de vida e pela perspectiva de um aumento considerável desta população. São teorias, estudos, pesquisas, políticas públicas, leis visando proteção, qualidade de vida, inserção na comunidade, abertura de novos campos de atividade para o idoso e para os profissionais que venham a lidar com as pessoas desta idade, como gerontólogos, profissionais de educação física, informática, música, dança, psicologia, fisioterapia, etc.
Existe toda uma preocupação em que a terceira idade seja vivida com prazer, com sentimento que induza à fruição deste período como algo que é recebido como uma graça, uma conquista, não com sentimento de desvalia ou pensamento angustiante com relação à morte.
 
É curioso que Cícero (Marco Túlio Cícero) em 44 a.C já se preocupava com isto demonstrando sentimento semelhante ao da atualidade. Em SABER ENVELHECER podemos destacar partes interessantes quando ele diz que há quatro razões pelas quais seria possível acharem a velhice detestável que são:
_afastamento da vida ativa;
_ enfraquecimento do corpo;
_privação de prazeres;
_proximidade da morte
Ele próprio rebate dizendo com relação à primeira assertiva que embora a velhice não esteja incumbida das mesmas tarefas que a juventude, há outras que faz mais e melhor visto que são outras as qualidades requeridas, como a sabedoria, a clarividência, o discernimento.
Á preocupação com o envelhecimento do corpo e o consequente declínio de memória, ele se contrapõe citando aqueles que criaram obras notáveis apesar da idade. Enfatiza que a velhice não deve ser inerte, mas ocupada a ponto de procurar aprender coisas novas. Cícero dedicou-se a aprender literatura grega já em idade avançada.
Atribuiu grande parte do envelhecimento, à herança de uma juventude voluptuosa ou libertina.
Incentiva o cuidado com o corpo através do exercício físico, comer e beber o necessário para recompor as forças, ocupar o espírito e a alma.
Com relação à privação do prazer, afirma que a velhice não é insensível a ele.
Há moderação, substituição de prazeres e liberação da alma das paixões. As pessoas passam a viver mais “consigo mesmas”. São muitos os prazeres do espírito desenvolvidos o que permite este modo de viver mais tranquilo.
Ao medo da proximidade da morte contrapõe a assertiva que este medo não é específico da velhice, pois é um risco compartilhado também pela juventude. Aos que pensam que a morte termina com a alma, aconselha despreza-la e aos que creem na imortalidade, deseja-la, além do que, quem, jovem ou velho, pode ter segurança de estar vivo a cada amanhecer ou anoitecer?
Por fim, mais um pensamento sábio ao recomendar aceitação do tempo que cada um tem para viver procurando fazer neste tempo o melhor e que no momento de partir o faça como quem sai de um albergue onde foi recebido, posto que a natureza oferece uma pousada provisória.
CÍCERO E A AMIZADE
Cícero

Através da narrativa de diálogos de seus pares passa as seguintes noções sobre amizade:

O primeiro fundamento da amizade é a simpatia recíproca;
Na amizade tudo é verdadeiro e espontâneo, independe de laços de parentesco.
A amizade é uma unanimidade nas coisas divinas e humanas e se faz acompanhar de afeto e benevolência.
Com exceção da sabedoria, a amizade seria o que de melhor os deuses teriam legado ao homem
A amizade envolve confiança, alegria vincula-se ao amor, como já dito anteriormente e não a benefícios pessoais.
A amizade se estabelece quando existe autoestima o que gera relações saudáveis e positivas.
É fruto da reciprocidade de afetos. Há desprendimento, solidariedade, generosidade. Exige cuidados. As verdadeiras são eternas.Pressupõe respeito, honestidade, tranquilidade, lealdade, amabilidade. Não estabelece diferença. Cria laços de doçura. Coloca em um mesmo plano os desiguais.
É possível perceber que tanto o assunto sobre envelhecimento como sobre a amizade já discorridos há dois mil anos atrás, permanecem atuais, com ensinamentos ou constatações perfeitamente válidas.
Isabel C. S. Vargas
Pelotas/Rio Grande do Sul/Br
www.isabelcsvargas.com

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